quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Revolta Insatisfeita

Insatisfações e Revoltas, qual delas a razão mais sensata...
A revolta pode ser considerada uma forma menos correcta de reagir, mas esse sentimento existe e muitas pessoas são revoltadas.
Será talvez uma tentativa, mal sucedida, de nos acalmarmos e de nos convencermos a Nós próprios mas que não nos leva a lado nenhum e apenas serve para nos afastar das pessoas e do bom senso.
A insatisfação é sempre por culpa própria, porque não nos esforçamos para a contornar.
A revolta é o resultado da impotência em conseguir fazer frente ao que se fez mal, a revolta é o resultado de alguma coisa, não é por nossa culpa, ao contrário da insatisfação que é por nossa culpa.
Mas, essa impotência pode ser reflexo de comodidade e isso é um contra-senso à vida!
A revolta poderá não ser por nossa culpa, só pelo facto de não aceitarmos factos e se os factos não existirem por nossa vontade e levarmos com eles a revolta que se gera tem de ser culpa nossa! Será que isto é muita filosofia, ou talvez mais psicologia?!
Há coisas que não podem ser mudadas, são assim e pronto, resta-nos superá-las e esquecê-las, como não somos capazes, revoltamos-nos e voltamos ao mesmo: factos, superar, esquecer, não ser capaz – revolta! e por aí fora por tempo indefinido.
Não conseguir dar volta à vida e ter a idade que se tem, é ter uma estúpida passividade, mais estupidamente ainda camuflada de tentativa de viver bem.
Essa é talvez a maior revolta, aliada à de nunca poder falar, andar amordaçado uma vida inteira para proteger tudo e todos e nunca ninguém dará valor algum, só os nossos defeitos são detectados e serão objecto de censura.
Insatisfações, algumas com jeito outras fúteis, são importantes mas não para fazer disso protecção dos maus momentos ou senti-las como se fossem resultado de um castigo…
Não somos de ferro e como qualquer pessoa normal também nos cansamos de andar sempre a fingir, mas às tantas, enquanto conseguirmos fazer disto tudo um Carnaval, talvez seja preferível para as partes envolvidas nesta tal insatisfação, já que, pelo menos, desanuvia-se o ambiente em que se vive.
Uma das insatisfações é ter consciência de que se prefere sempre o contrário do que vai acontecendo.
Contra-senso é também, além da insatisfação, a revolta, porque se têm iniciativas, porque se tem vontade, se não se acaba é porque sentimos que temos alguma obrigação… mas essa revolta não tem sentido, porque os problemas, ou são nossos, ou somos causadores deles.
E para quem acha que não nascemos para ter situações que jamais pensaríamos ter?! Não será justo andar revoltado!?
Pode ser, mas a culpa é sempre nossa, porque consentimos! Sentimos-nos revoltados mas não fazemos nada para mudar! Somos revoltados por consentirmos a nossa própria revolta, uma revolta consciente, tantas e tantas vezes objecto de reflexão….
E eis-nos desorientados com a revolta e revoltados com a tanta desorientação…. Na maior parte do que está na razão da revolta, não temos como modificar a origem, somo apanhados ou envolvidos de alguma forma e não temos maneira de fugir.
A minha teoria de não podermos ser revoltados reside no facto de podemos sempre contornar e melhorar, só que somos cobardes porque não sabemos se vamos ficar melhor e ao mesmo tempo, somos conscientes, porque pensamos que temos que respeitar e proteger os que nos são próximos. E aí sim, a revolta poderá ser justa, no nosso subconsciente, mas nunca na consciência natural da vida.
Sim, funcionamos em função dos outros, os que nos são próximos, em detrimento de nós próprios, mas ninguém vê isso, só vêm os defeitos e o que a gente faz mal feito, o resto não conta para nada e os que falham é que são bonzinhos porque o que fizeram, fica no segredo dos Deuses. Desorientação dentro de nós, já que nestas alturas, ficamos mais calados ainda e só não desaparecemos para algum sítio porque não podemos e isso também é revolta. É a contra partida do castigo, de termos algo superior, podemos sempre desaparecer, por umas horas e o mundo tem de respeitar isso.
Achamos que essa suposta superioridade nos leva a algum lado, nem que seja bater com a cabeça nas paredes. Tem de levar, senão já tínhamos desistido, porque nós humanos também reagimos por instintos e os instintos são sempre para nosso proveito, quase que à parceria do nosso pouco ou muito egoísmo.
A insatisfação pode estar camuflada na aparência de uma pessoa feliz da vida, até há que
m tenha inveja de uma roupinha gira, de um sorriso, ambos fazem milagres. Vive-se a fingir.
Outras situações já não são assim, toda a gente se apercebe que se anda muito mal, triste, não parecendo a mesma pessoa que nos habituamos a ver.
Analisando bem, quem, alguma vez na vida, não faz o mesmo papel que todos os insatisfeitos fazem querendo ser como muitos são? Todos a exigirem de nós tudo o que já antes lhes proporcionámos… e fica-se cansado, não dá para fugir, temos que viver neste mundo, mesmo sendo alguém que até tem a vantagem de ter um historial de vida mas que, por isso mesmo, corre o risco de sofrer ainda mais com tudo aquilo por que está a passar…

10 comentários:

Anónimo disse...

Grande surpresa...
Pudessem todas as conversas serem escritas e partilhadas, e terias aqui um blog ainda mais cheio de palavras, confidências, alegrias, risos, lágrimas... emoções à flor da pele...

este vai dar que falar.

Estou solidária contigo...

Anónimo disse...

"O Homem nasce livre, porém em todos os lados está acorrentado".

...O Sol aquece-me a alma com sorrisos de dias de luz, a Chuva proteje-me disfarçada por um vidro que nos separa do verdadeiro sentir, a Árvore envolve-me nos seus braços, O Vento liberta-me quando me solta os cabelos...
Elementos que me parecem tão simplesmente, livres, leves e soltos...
Mas...diz a poeta também "o Sol ao fim de um dia tem lágrimas de sangue na agonia", as Árvores, essas, "como quem reza, abrem aos Céus, os braços como um crente".

Por escolha, por caminhos submetidos, porque sim, porque lutei e não alcancei, porque nada fiz...para ter momentos de felicidade e serenidade opostos a sentimentos de revolta e insastifação, o esforço pode ser grande, inexistente ou o resultado gratuito...

Mas, esse resultado estará sempre interligado ao que poderá ser o grande dilema...

Como fazer os Outros felizes e á Nós mesmos?
(O Eu e o Outro - Social, laboral, pessoal)

A serenidade teima em me habitar...e de alma limpa, sentimentos profundos e ilusões diversas, eu, pequena, vou-me culpando e desculpando, pelo que sou e pelo que não sou, em revoltas muitas vezes satisfeitas em insastifaçãos resolvidas, ou, nem por isso!


Fazendo jus ás palavras,

"Não dá para fugir temos que viver neste Mundo" e sempre o melhor possível!

Elisa disse...

Lindo!
Magnifico comentário!
Como escreve bem! É uma delicia ler o que escreve! Quem assim escreve deveria fazer uso de tal dom e oferecer a este querido amigo e a todos nós, comentários deste nivel que alimentam a alma e adoçam os dias!
Aceite os meus sinceros parabens!

Anónimo disse...

De quem são as palavras?

De quem as lê?
De quem as sente?
De quem as escreve?

...São viagens aos olhares de quem as lê, sons nas bocas de quem as fala e sentimentos no coração de quem as escreve...

E sempre agradáveis, quando recebidas num tom lisonjeiro.

Obrigada

elisa só... disse...

....as palavras que trocamos são importantes porque são tantas vezes a unica maneira de estabelecermos ligação, mas faz-me falta a conversa que embora nem sempre fluente, ainda assim nos aproxima, um assunto leva a outro e tudo é preciso para nos abrirmos um com o outro. mesmo que haja discussão, até isso é válido porque dessa forma tu podes fazer com que eu te perceba melhor e eu, posso dar-te a conhecer as minhas duvidas, as coisas boas e o que me faz mal... uma palavra no momento certo, a partilha, o conselho ou a mesmo uma repreensão, fazem parte da união de duas pessoas, por isso tenho tanta necessidade de ti, não só como o que representas para mim,mas tambem como meu amigo e não queria nada dissociar estes dois pilares tão essenciais na minha existência tão carente de cuidado e atenção, porque não sou uma fortaleza... sou apenas aquilo que sabes que sou...

Rakel disse...

Ando a ler o blog aos poucos, dando a devida atenção ao que colocas aqui. Não sei se a insatisfação não será uma irmã pequenina da revolta...porque na revolta aparece sempre a insatisfação. Nem que seja por se ter revoltado tarde demais. Prefiro a revolta, o contrário é o comodismo e a anestesia dos sentidos e da alma. E por mais que se tente, nunca conseguimos suprir todas as necessidades. E aí surge o caso bicudo, não me revolto para agradar aos demais e me deixo assim na insatisfação do que TENHO, mas não quero fazer? Ou viro a mesa, dou um chute na lata e aguento as consequências? Não há como agradar toda a gente, é mesmo impossível. Isso digo-te eu de cadeira cativa. Ou bem que a gente se dá o direito de dizer "agora sou eu" ou então vamos nos desfazendo em desculpas esfarrapadas, justificando os erros alheios e ainda por cima assumindo culpas que não nos cabem. E por muito que se queira, não há como arranjar o que já não tem arranjo.

Revolta, insatisfação, qualquer coisa é melhor do que aceitação e comodismo. Porque se não estou satisfeita com alguma coisa...há que correr atrás do que me faça bem. E mais nada...


Bjo

Elisa disse...

"Somos tudo e depressa somos nada.
Somos um misto de sentimentos.
Somos mistica e essência! Somos o Sol somos a Lua - Somos vida!
Trazemos em nós a esperança de um amanhecer diferente mas real, onde o amor seja a plenitude do dia!

... disse...

teias...
laços...de ternura, laços...que perduram, laços...de sangue
vidas tecidas com arte de quem sabe fazer.
Obras primas que os olhos admiram
O corpo fez o que o coração mandou
Pontos cruzados...
Nós feitos e outros desfeitos...
Teares feitos de ti, de mim e de quem mais, onde se tecem enredos, romances... páginas que assim, desta forma escritas, são o relato do que vai sendo a nossa passagem por este lado da vida...

elisa disse...

Despedirmo-nos de alguem que nos marcou de forma indelével, é algo que tem de ser feito de forma especial para que dessa despedida nos lembremos sempre.
Adeus
Até breve
Até sempre ...
Tudo existe. Tudo faz parte. Tudo pode doer menos, se for bem feito...

elisa disse...

Ser infeliz dá uma trabalheira! - Li isto à dias num artigo de uma revista e concordo, se essa mesma infelicidade não for causada por motivos de saude ou outros de igual gravidade.
Sei que há situações que não nos deixam andar de sorriso aberto e de alma cheia.
Podemos ter lacunas a nivel sentimental, pessoal, profissional e outras mais mas serão assim razões tão fortes que nos impeçam de viver felizes?!...
Há falhas que se resolvem, ausências que se complementam.
Tentamos descobrir a melhor maneira de contornar o que nos está a fazer menos bem.
Não conseguimos? - Azar. Mas fica a certeza de que fizemos por isso!
Saberei eu dar esse passo em frente?
Sim! Entre avanços e retrocessos a algum lado hei-de chegar e isso dar-me-à satisfação.
Não será o mesmo que ser feliz mas andará muito perto.
Pequenas conquistas. Não faz mal, o meu mundo não é muito grande.